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Projeto Portugal 2020

ValRuMeat - Valorização da carne de ruminantes em sistemas intensivos de produção

Ficha de projeto

Nome

ValRuMeat - Valorização da carne de ruminantes em sistemas intensivos de produção .

Valor de financiamento

262,74 mil € .

Valor executado

262,74 mil € .

Código de operação

ALT20-03-0145-FEDER-000040 .

Data de conclusão

12.03.2020 .

Sumário

Está demonstrado que a suplementação de dietas forrageiras com lípidos ricos em n-6 ou n-3 PUFA é uma estratégia eficaz para uma aumentar a proporção de produtos intermediários bioidrogenação nomeadamente os ácidos vacénico e ruménico na gordura dos ruminantes, o que vai ao encontro das recomendações de vários autores para aumentar o valor nutricional da gordura de ruminantes (Mapiye et al. , 2012; Scollan et al., 2014). A nossa equipa obteve aumentos de 331% e 592% nos ácidos ruménico e vacénico respetivamente, quando as dietas de luzerna desidratada foram suplementadas com 8% de óleo de soja (Santos-Silva et al., 2004). No entanto, quando as dietas base são ricas em alimentos concentrados com elevado teor de amido, a suplementação lipídica tem um efeito residual na proporção de ácido ruménico. Nestas condições o ácido vacénico (C18:1 t11) é substituído pelo aumento preferencial de um outro isómero, o C18:1 t10, que nestas condições se torna o isómero octadecenoico predominante [Bessa et al., 2005; Bessa et al., 2007]. Assumir um bom desempenho dos animais nas fases de crescimento e acabamento e uma boa qualidade das carcaça e da carne produzidas exige o consumo de dietas de alta concentração energética e com elevado teor em proteína. Assim, não tem sido um objetivo fácil conciliar a produção de carcaças com acabamento adequado e carne com um mínimo de gordura intramuscular que garanta uma boa aceitação por parte dos consumidores, com a deposição de gordura com um elevado valor nutricional. Nos sistemas de produção de ruminantes na região do Alentejo predomina a produção de carne. Nas fases de crescimento e acabamento dos borregos e vitelos é comum a utilização de quantidades elevadas de alimentos concentrados. Nessas condições a incorporação de cereais e o teor de amido nas dietas são elevados. Portugal apresenta um elevado deficit em termos de balança comercial dos cereais. Segundo os dados do GPP (2014 - Anuário Agrícola 2013) referentes ao ano agrícola 2010/2011 Portugal apresentou um grau de autoaprovisionamento de cereais (excluindo o arroz) de 18.8 %. Se atendermos a que 59 % do consumo de cereais em 2011 foi destinado à alimentação animal (INE 2012 - Anuário Estatístico de Portugal 2011). Destes números se conclui a importância para a economia nacional da redução da incorporação de cereais nos sistemas de produção animal, justificando a procura de fontes alimentares para os animais que não sejam concorrenciais com a alimentação humana. A polpa desidratada de citrinos (PDC) é um subproduto da industria mundial de sumos que quando desidratado e peletizado por ser incorporado nas rações para animais. Apresenta um elevado teor em pectinas o que confere à fibra uma elevada digestibilidade por ruminantes (Ewing, 1997). É também uma fonte importante de compostos bioativos, como os polifenóis (Balasundram et al., 2006). Existem muitas referências na bibliografia que atestam os bons resultados da substituição dos cereais por polpa de citrinos da dieta de bovinos ou ovinos em crescimento (Prado et al., 2000; Scerra et al., 2001; Henrique et al. 2004; Caparra et al., 2007; Ahooei et al., 2011). Contudo, estes estudos não referem os efeitos da inclusão de polpa de citrinos na bioidrogenação ou na composição detalhada do perfil de ácidos gordos dos tecidos ou dos produtos animais. Num trabalho recente da nossa equipa (Santos-Silva et al., aceite para publicação) obtivemos resultados muito encorajadores sobre a utilização de polpa de laranja na substituição dos cereais na dieta de ovelhas leiteiras suplementadas com óleo de soja. A inclusão da polpa de laranja no concentrado resultou num aumento da produção de leite, não afetou a composição química do leite mas aumentou as seletivamente proporções dos ácidos vacénico e ruménico em 265 e 246% respetivamente, sem efeitos importantes nos outros intermediários da bioidrogenação. Colocamos então a hipótese de que em condições de suplementação lipídica de dietas com elevado teor em cereais, a substituição parcial ou total por PDC poderá permitir associar as boas performances produtivas e a qualidade da carne com um elevado valor nutricional da gordura, com incremento dos ácidos gordos bioativos com mais interessa no campo da alimentação humana. Um outra possibilidade de modificar o ambiente ruminal em condições de elevada concentração energética pode ser a utilização de fontes alimentares em que o amido apresenta uma baixa solubilidade ruminal, ficando disponível para a absorção duodenal. Esse efeito pode ser alcançado pelo tratamento dos grãos de cereais com uma solução de ácido tânico reduz a degradabilidade ruminal do amido Makkar (2003). Os taninos são polifenóis solúveis na água associados com o metabolismo secundário das plantas, com grande diversidade no peso molecular e no grau de complexidade das moléculas. Estes compostos são geralmente considerados como compostos antinutritivos quando presentes em elevadas quantidades nos alimentos por se complexarem com numerosos tipos de moléculas nomeadamente: polissacáridos, aminoácidos, minerais e principalmente com as proteínas, condicionando a sua utilização digestiva (Makkar, et al., 2007). Tomás et al. (2005) verificaram que o ácido tânico em combinação com o amido determina uma menor degradabilidade no rúmen com efeitos aditivos até uma concentração de 5%. O estudo que propomos pretende testar em 2 ensaios em condições de laboratório e em 2 ensaio produtivos, a viabilidade da utilização de PDC ou do tratamento com ácido tânico na implementação do valor nutricional da carne de ruminantes, bovinos e ovinos, através da suplementação das dietas com lípidos não protegidos. Simultaneamente serão aprofundados alguns aspetos particulares do efeito dos tratamentos no metabolismo ruminal e na estabilidade oxidativa da carne. No primeiro caso procurar-se-ão encontrar indicadores do microbiota ruminal que possam estar associados com as vias de bioidrogenação predominantes. No segundo caso procurar-se-á verificar se os tratamentos exercem efeitos ao nível do poder antioxidante da carne e na resistência aos fenómenos de degradação da cor e da componente lipídica da carne durante a conservação. Para desenvolver o projeto serão utilizados os equipamentos de experimentação animal, de abate, de processamento das carcaças e laboratoriais existentes no Polo de Investigação da Fonte Boas do INIAV no Vale de Santarém, que permitem a realização dos ensaios. Por outro lado temos tido uma excelente colaboração com o Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do Alentejo (CEBAL), situado em Beja, em projetos desenvolvidos por ambas as entidades. Têm forte competência em estudos do stress oxidativo dos animais e do poder antioxidante dos produtos, pelo que podem dar um excelente contributo ao projeto que é proposto.

Beneficiários do financiamento

Distribuição geográfica do financiamento

262,74 mil €

Valor de financiamento

Onde foi aplicado o dinheiro

Por concelho

1 concelho financiado .

  • Santarém 262,74 mil € ,
Fonte AD&C, GPP
31.10.2024