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Projeto Portugal 2020

Soil health surrounding former mining areas: characterization, risk analysis, and intervention

Ficha de projeto

Nome

Soil health surrounding former mining areas: characterization, risk analysis, and intervention .

Valor de financiamento

468,32 mil € .

Valor executado

465,97 mil € .

Código de operação

NORTE-01-0145-FEDER-000056 .

Data de conclusão

28.09.2023 .

Sumário

O Norte de Portugal é particularmente rico em recursos minerais metálicos e não metálicos, cuja exploração remonta ao século XIX. O elevado volume de resíduos mineiros resultantes da exploração e processamento do minério foram depositados em escombreiras próximas das minas, na maioria dos casos sem qualquer recuperação e/ou manutenção. Este legado ambiental, e a contaminação causada por estes resíduos, está longe de estar devidamente avaliada, nomeadamente o impacto nos solos e águas subterrâneas das áreas circundantes. Além disso, no Norte de Portugal, a agricultura tradicional e de subsistência é comum, e os solos e as águas subterrâneas são utilizados sem qualquer conhecimento sobre a abordagem de gestão do risco e da potencial contaminação causada pelos resíduos mineiros. O elevado volume de resíduos resultantes das atividades mineiras da exploração de carvão e Sb-Au e W depositados inadequadamente em escombreiras representam, deste modo, uma fonte de poluentes. As partículas libertadas para a atmosfera pelo vento, e a mobilização e lixiviação de elementos perigosos com potencial para serem simultaneamente fitotóxicos e zootóxicos, afetam a atmosfera, os solos, as águas superficiais e subterrâneas e, consequentemente, causam poluição ambiental e efeitos sobre a biodiversidade e a saúde humana. Além disso, os grandes incêndios florestais de 2017 provocaram a ignição de várias escombreiras na área mineira de Pejão cuja avaliação dos seus impactos ambientais na região nunca foi avaliada. Neste contexto, o projeto agora proposto intitulado “Saúde do Solo em torno de antigas áreas mineiras: caracterização, análise de risco, e intervenção” submetido na área de Missão "Saúde do Solo e Alimentação", compromete-se a avaliar o risco para o ambiente e a saúde humana deste legado, aproveitando a longa experiência do consórcio composto por cinco instituições de I&D de áreas diferentes e complementares, nomeadamente: Ciências da Terra (ICT e CERENA), Química (CIQUP), Sociologia (IS-UP) e Arte, Design e Sociedade (i2ADS). Para este fim, foram selecionadas duas áreas principais do Norte de Portugal onde operaram minas de minerais metálicos e não metálicos: (i) as minas Sb-Au (mineralizações no flanco ocidental do Anticlinal de Valongo) e W (área mineira Regoufe); e, (ii) a escombreira do Fojo, localizada perto da mina de carvão do Pejão, que esteve em autocombustão em 2017. As mineralizações de W estão associadas ao granito Regoufe (Arouca) onde depósitos de tungsténio-estanho ocorrem no corpo granítico e em veios de quartzo mineralizados, sendo os minerais mais importantes a volframite e alguma cassiterite. Atualmente, nenhum destes depósitos está a ser explorado e não existem dados de produção, ou estimativas de reservas. A exploração da mina terminou nos anos 50 do século XX e a primeira conceção de exploração ocorreu em 1915 no complexo mineiro denominado Mina de Regoufe. No entanto, o pico da exploração ocorreu após 1941, ano em que foi criada a Companhia Portuguesa de Minas, que operava principalmente com capital e administração britânica. Na área mineira de Sb e Au do Distrito Mineiro Dúrico-Beirão a maioria dos veios de Sb-Au ocorrem a oeste do flanco ocidental do Anticlinal de Valongo. Os trabalhos mineiros mais antigos para a exploração de Au datam, pelo menos, da época da ocupação romana da Península Ibérica, sendo particularmente importantes nas Serras de Santa Justa, Pias, Santa Iria e Banjas. A exploração de Sn, por vezes associada ao Au, surgiu em meados do século XIX na região de Valongo, com a abertura das minas de Vale de Achas e Ribeiro da Igreja. Em 1880 as minas da Tapada e Ribeiro da Serra foram abertas em Gondomar e em 1881 a mina de Montalto foi uma das mais produtivas da região, tendo cessado no início dos anos 70. A Bacia Carbonífera do Douro representa o mais importante depósito de carvão português e a antracite aí explorada (1795-1994) foi o principal combustível utilizado para a produção de energia. Esta atividade mineira teve impacto no ambiente devido ao grande número escombreiras (cerca de 20) reconhecidas nas áreas adjacentes às explorações. Em 2017, na sequência dos grandes incêndios florestais, três escombreiras de carvão entraram em autocombustão na área mineira de Pejão. O esforço para extinguir o incêndio na escombreira do Fojo foi feito através da remobilização dos resíduos e da utilizando de água com um agente acelerador de arrefecimento, cujos efeitos nos solos e águas circundantes nunca foram avaliados. Neste enquadramento, pretende-se efetuar uma caracterização integrada dos resíduos mineiros, dos solos e das águas afetados por estas estruturas mineiras, para identificar os impactos ambientais, e contribuir para a sua mitigação através da avaliação da saúde dos solos e da água. Este estudo integrado, baseado em dados de metodologias avançadas e técnicas petrográficas, geoquímicas, físicas, geofísicas e ambientais permitem a avaliação das alterações que ocorrem nos materiais e solos residuais, fornecendo uma visão dos potenciais impactos ambientais. Por outro lado, os lixiviados destes rejeitados atingem os ecossistemas promovendo efeitos ecotoxicológicos nas espécies e plantas aquáticas onde os compostos biodisponíveis representam stress significativo para estas espécies, assim como a toxicidade do solo afetando o crescimento das plantas, visíveis através dos seus parâmetros morfológicos e da qualidade do pólen. Serão recolhidas e analisadas amostras de solos e água de nascentes e poços, de áreas em redor das escombreiras, para a determinação da composição geoquímica, incluindo metais pesados, oligoelementos ambientalmente sensíveis, e PAHs. Os pontos de amostragem incluirão áreas tanto influenciadas como não influenciadas pela drenagem das escombreiras. As amostras de áreas não influenciadas permitirão o estabelecimento do background geoquímico da região, e a comparação com amostras influenciadas permitirá a identificação e quantificação de poluentes. Além disso, a comparação com a composição geoquímica dos materiais das escombreiras e dos lixiviados resultantes da percolação da água, possibilitará a investigação da fonte dos poluentes. As metodologias de deteção remota e análise geoestatística dos resultados permitirão o desenvolvimento de sistemas de observação e recolha de dados que conduzirão ao desenvolvimento de modelos e aplicações, num ambiente SIG, para a monitorização temporal e espacial dos solos em estudo. Nos locais estudados, para além da caracterização, será efetuada uma análise de risco ambiental, e serão inventariadas as técnicas de intervenção mais adequadas. Durante o projeto, serão realizadas ações de sensibilização junto da população das áreas estudadas, a fim de compreender o impacto sociológico associado à exploração dos recursos geológicos e a perceção dos riscos para a população. Serão realizadas residências artísticas em diálogo com os investigadores e as comunidades locais.

Beneficiários do financiamento

Distribuição geográfica do financiamento

468,32 mil €

Valor de financiamento

Onde foi aplicado o dinheiro

Por concelho

1 concelho financiado .

  • Porto 468,32 mil € ,
Fonte AD&C, GPP
31.03.2024